terça-feira, 7 de agosto de 2007

Minhas primeiras lições gastronômicas

Minhas primeiras lições de gastronomia (além das aulas práticas que tive com minha tia Naná na infância) foram dadas à distância, por uma senhora simpática e prendada que ia ao ar todos os dias pela Rede Bandeirantes de Televisão, seu nome era Ofélia Anunciato, sempre acompanhada por sua auxiliar de cozinha (e fiel escudeira), a Aparecida.
Ainda me lembro de que quando o programa (A Cozinha Maravilhosa da Ofélia) ia começar, eu corria desesperada para pegar papel e caneta para anotar as receitas, muitas vezes até em papéis tão pequenos que, depois de anotados, nem mesmo eu entendia o que eu havia escrito...Mas, ainda assim, nunca deixei de anotá-las...
Foi com ela que aprendi termos técnicos da cozinha, como "à juliana"; "banho-maria", "refogar", "marinar", "saltear", "flambar" e uma série de palavras que passaram a fazer parte da minha vida e do meu vocabulário sem ao menos eu perceber...
Conheci comidas de outras regiões e de outros países pela imagem na telinha, pois meu paladar ainda era limitado, mas a minha imaginação voava solta...e como isso era bom!!!
Minha mãe, percebendo minha empolgação, me deu de presente meu primeiro caderno de receitas, onde anotei minha primeira receita e as tantas outras que se seguiram.
Ganhei também um livrinho da coleção da Ofélia, "Ofélia e as delícias da cozinha light", hoje ambos com páginas amareladas pelo tempo...
Recordando minhas lições gastronômicas poderia citar uma infinidade de programas que acompanhei; de livros que folheei, que comprei e os que deixei de comprar; de receitas que anotei e fiz (outras que eu não fiz); de trocas de receitas com amigos e familiares; de embalagens e rótulos guardados com receitinhas do produto, recortes de jornal, e que me fizeram (e me fazem) tão feliz pela nova descoberta tão prazerosa...Paixão que me rendeu muitos elogios e bons momentos ao lado de pessoas queridas.
Foi naquela época que desenvolvi minha mania de colecionar receitas. Não sei se poderia chamar de mania, ..., talvez o nome mais adequado fosse "compulsão" mesmo. É que, por mim, nenhuma receita passa despercebida...passou na televisão, me interessei, eu anoto; saiu no caderno especial do jornal ou está impresso no rótulo do produto, eu recorto; o produto fez promoção com caderninho de receitas, mesmo sem precisar... eu compro; tem promoção com código de barras, eu junto e troco; alguém tem uma receita nova, eu peço; e no escritório de casa vai se entulhando receitas sem fim. Mas, é o meu mundo, eu sou assim...Me sinto feliz em meio às receitas. Com elas posso criar ou imaginar modificações, combinações, descobertas, formas de se servir, rostos sorrindo em torno da mesa...
São necessárias, fundamentais para comporem o acervo da biblioteca gastronômica da minha "cozinha escondida"(aquela que fica dentro do meu"cantinho escondido", como diz a Marisa Monte), aquela que só eu conheço tão bem e que somente eu sou capaz de compreender essa provusão de receitas espalhadas pela casa...

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