terça-feira, 3 de março de 2009

Gelatinas

A reportagem de hoje da Folha de SP é um alerta sobre o consumo de gelatina pelas crianças.
Fica aí o registro:

Gelatinas em pó têm muito açúcar e pouco colágeno.

Pro Teste avaliou 11 marcas do produto no sabor morango, em versões com e sem açúcar, e constatou irregularidadesPara associação, gelatina não deveria ser consumida por crianças; empresas fabricantes dizem seguir legislação em vigor no Brasil.
Apesar de ser uma sobremesa muito consumida por crianças, a gelatina não deveria fazer parte da alimentação infantil.
É o que afirma a Pro Teste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor) após avaliar 11 pós para preparo do produto sabor morango: quatro na versão tradicional, quatro na versão diet e três na versão zero.
Por conterem adoçantes, as versões sem açúcar já não eram recomendadas para crianças saudáveis. Mas o levantamento mostrou que mesmo as versões tradicionais não são indicadas.
Um dos problemas é que duas das marcas (Royal e Dr. Oetker) possuem adoçante mesmo nas versões tradicionais. Segundo a Pro Teste, a informação não tem o destaque necessário no rótulo. Nos dois casos, as embalagens trazem personagens ou promoções voltados para o público infantil.
"A quantidade de adoçante que cada um deve ingerir por dia é calculada com base no peso da pessoa. No caso da criança, é bem mais fácil atingir a dose máxima. Por isso, a não ser que ela seja diabética ou tenha acompanhamento de um especialista, não deve ingerir adoçantes", diz a nutricionista Manuela Dias, pesquisadora de alimentos da Pro Teste.
Outro problema detectado foi excesso de açúcar. A média nas versões tradicionais foi de 7,9 g por porção, que equivale a um copo, ou 120 g, de gelatina pronta. O valor ultrapassa até a quantidade que adultos devem consumir: no máximo 7,5 g em um lanche. Para crianças de um a três anos, o valor é de 3,9 g. O produto da Bretzke foi o mais açucarado: 10,9 g por porção.
A Pro Teste destaca outra questão que considera preocupante: todas as gelatinas tinham o conservante amarelo crepúsculo, que vem sendo relacionado à propensão à hiperatividade infantil.
No Reino Unido, a substância é proibida.As crianças são as mais vulneráveis aos corantes em geral, diz a nutricionista Edira Gonçalves, professora da UniRio (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro). Segundo ela, o consumo excessivo pode debilitar o sistema imune, favorecendo doenças como gripes.
A nutricionista lembra que a gelatina é apenas um dos produtos ricos em corante no mercado. Ela orientou uma pesquisa, publicada em 2008 na revista "Ciência e Tecnologia de Alimentos", que avaliou o consumo de gelatina, refresco em pó e refrigerante por 150 crianças. Concluiu que esses alimentos são muito comuns na dieta infantil e introduzidos bem cedo: em relação à gelatina, até um ano de idade em 95% dos casos.Pouco nutritivaSe a presença de colágeno é o motivo para dar gelatina às crianças, Manuela Dias diz que não vale a pena. A quantidade encontrada não ultrapassou 2 g -apesar de não haver consenso, a Pro Teste diz que alguns estudos sugerem que seriam necessários 10 g diários para haver benefícios. "Quem consumir com essa finalidade está se enganando.
Uma pessoa saudável consegue repor o colágeno apenas com uma dieta normal, rica em proteínas."Para Dias, a gelatina é "um pó de aditivos, corantes e edulcorantes", e os pais devem preferir alimentos mais saudáveis, como iogurte e frutas. "Como a gelatina é docinha e colorida, as crianças gostam. Mas é um alimento totalmente artificial, não tem nada de morango, por exemplo, só o aditivo."Ela diz que não há problema na ingestão de gelatina por adultos -pode ser uma boa opção para quem quer emagrecer, por exemplo. "As pessoas só não devem pensar que estão ingerindo algo nutritivo."Além das questões nutricionais, foram constatados problemas em rótulos, como falta de informação sobre a presença de sódio e falta da data de fabricação -o dado não é obrigatório, mas a Pro Teste recomenda.
A associação defende que se crie uma norma para regular gelatinas que defina parâmetros como quantidade de açúcar e de colágeno.

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